quarta-feira, 24 de junho de 2009

Fim

Então, no mês de abril estava com seis pacientes. A vida estava bem corrida, pois quase não tinha tempo para respirar no setor. No pouco tempo que tinha, trocava experiências com os colegas ou conversava sobre amenidades, mas era bem menos tempo.
Nesse tempo, vi o vínculo com os pacientes se estabelecer e eles começaram a trazer questões e, em consequência, o meu trabalho iniciou.
Não é fácil sustentar as questões de uma criança. Não é fácil, mas só entender que não se pode resolver tudo nem evitar sofrimento para ela é que podemos fazer algo. É doloroso, mas eu me segurei, esperei, acolhi e fico muito feliz em ver que ele está conseguindo dar conta das suas próprias dores, tão novo.

Um dos meus meninos foi internado. Rompendo com as indicações fui visitá-lo. Meu coração de iniciante estava apertado para ver se estava tudo bem. Saí do estágio e fui pro hospital vê-lo. Como ele ficou feliz em me ver!
E dentro daquele ambiente hospitalar, pude tocar em questões dele com mais propriedade e ali se fez um setting. Minha preocupação era quando ele voltasse para as sessões na sala, como seria o trabalho ali. Ufa, deu tudo certo. mas foi um risco. Um grande risco!

Bom, eu escrevi isso tudo por que eu estou me despedindo na próxima sexta-feira, dia 26, do lugar que me deu espaço para construir e aprender. Não foi fácil acordar cedo, a passagem era cara - lembrem-se de que eles não pagam nem um real - vivi momentos da minha vida familiar muito difíceis e foi ali que consegui esquecê-los. Pelo menos por aquelas horas, aquelas pessoas eram mais importantes. Nisso não há nenhum clichê, era impressionante como isso acontecia comigo.
Ali, naquele lugar, conheci pessoas maravilhosas, fiz amizades que pretendo não perder, reafirmei a minha escolha pela clínica, pelo social, pelas pessoas. Aprendi coisas que não sei explicar. Eu sou completamente outra por ter passado por isso. E agradeço por ter tido forças para concluir.

Ainda estou elaborando a perda. Entendam.

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